A Jeep lançou no mês de agosto de 2021 a nova geração do Commander (isso mesmo, a segunda), derivada diretamente do grande sucesso de vendas da marca: o SUV médio Compass. Tendo semelhanças com o irmão menor, ele é um produto com personalidade e características próprias, a começar pela possibilidade de carregar sete passageiros.
Com duas versões de acabamento e dois conjuntos mecânicos, o Commander tem quatro opções no total, abrangendo boa fatia de preço em um segmento que tende a crescer. Avaliamos a versão Limited, a mais acessível do modelo e que na unidade em questão conta com motor 2.0 turbodiesel, câmbio automático de nove marchas e tração 4×4.
Design
O Jeep Commander, como era de se esperar, traz a identidade visual da marca na dianteira, possuindo a grade com as sete fendas e fundo preto, além de um leve contorno prata nas bordas dessas fendas até os faróis. E falando dos faróis, totalmente em LED, são bem similares aos do Compass, mas diferente do irmão menor, contam com seta dinâmica e são ainda mais escurecidos.
O para-choque aloja a placa e nas extremidades há as luzes diurnas com os faróis de neblina em baixo, tudo isso em LED. A parte de baixo do Commander diesel é diferenciada em relação ao flex, trazendo uma peça plástica na cor cinza e ângulo de ataque maior.
A versão Limited traz as molduras plásticas na cor preta, diferente da topo Overland que, assim como o Compass S 2022 avaliado anteriormente tem essas peças na cor do carro. A cor é de lançamento, a perolizada Slash Gold atrai alguns olhares e por ser clara “disfarça” um pouco da sujeira, além de fazer um bom contraste com o teto preto. Rodas de 18 polegadas diamantadas são basicamente as mesmas do Compass Longitude, mudando o acabamento que particularmente falando ficou mais legal.
Sua traseira é um ponto que gerou algumas discussões e zoações, taxando como um “carro de funerária” ou “van escolar”. Fato é que por conta da proposta, trazendo sete lugares, o veículo tende a ter uma traseira com aspecto mais quadrado e não é diferente no Commander, além da clara inspiração em modelos superiores vendidos no exterior: Cherokee e Wagoneer são alguns exemplos.
Assim como a dianteira, temos na traseira lanternas totalmente em LED, além das luzes de ré localizadas no para-choque.
Motorização
O motor que equipa a unidade testada é o 2.0 Multijet II turbodiesel, comercializado em todos os modelos que a Jeep fabrica no país, além da Fiat Toro. Porém, por conta do maior peso, o Commander tem um acréscimo no torque perante os demais carros.
São 170 cavalos de potência a 3.750 rpm e torque de 38,7 kgfm a 1.750 rpm (são 35,7 kgfm em Renegade, Compass e Toro), sendo esse último número agora tratado em Newton-metro, unidade de medida não comumente usada no Brasil. Daí vem a nomenclatura TD380, além da T270 do motor 1.3 turboflex.
O câmbio é automático com conversor de torque fabricado pela ZF com nove marchas, atuando em conjunto com uma tração 4×4 que possui seletor de terreno. O desempenho, bem como comportamento off-road e consumo serão abordados posteriormente.
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Equipamentos
Apesar de não ser a versão Overland, o Commander Limited não faz feio quando o assunto é equipamentos. Traz a boa central multimídia UConnect com tela de 10,1 polegadas, além de painel digital de 10,25 polegadas, tudo isso de série. Esse conjunto é o mesmo do Compass S avaliado pelo M.D.A e bastante digno de elogios pela boa funcionalidade, resolução de qualidade e boa sensibilidade ao toque.
Traz carregador por indução que, nos celulares com suporte, auxilia bastante principalmente para a utilização do Android Auto e Apple CarPlay que são sem fio e fácil conexão. Há ainda o Wi-Fi nativo em que o usuário pode comprar pacotes na Tim, mas a unidade não estava com disponibilidade de uso. O GPS é bastante atualizado e mostra a situação do trânsito em tempo real, mas fica devendo mostrar no painel digital, o que seria interessante para a usabilidade, fica a dica para uma próxima atualização.
Continuando, o banco do motorista traz ajustes elétricos, inclusive para a lombar, enquanto o do passageiro é manual (elétrico na Overland). O ar-condicionado é digital de duas zonas com saída de ar traseira e nesse caso regulagem da intensidade do vento, mas fica devendo saídas de ar para a última fileira.
Porta-malas com abertura e fechamento elétricos auxiliam na ergonomia e praticidade, mas nessa versão o hands-free fica ausente. Ausência também, nesse caso em ambas as versões é o resfriamento de bancos, equipamento interessante visto em alguns modelos que poderia ser adotado. O Commander traz, porém, partida remota, podendo o motorista acionar antes de acessar o veículo com o objetivo de climatizar o habitáculo.
Acabamento e conforto
O Commander traz aqui muitas semelhanças com o irmão Compass, mas traz particularidades que o deixam com mais requinte. Começando pelas diferenças, o modelo troca a faixa de couro do painel por um suede costurado e levemente macio, mantendo o acabamento emborrachado na parte superior.
Bancos em couro claro (opcional sem custo) realçam a sensação de sofisticação, além de costura exclusiva. As portas repetem o visto no Compass, as dianteiras contam com acabamento emborrachado na parte superior e couro na parte de contato com o braço, bem como em boa parte da lateral. Já as traseiras possuem plástico rígido, mas preservam o couro.
Quem vai atrás no Commander, dispõe de ar traseiras com regulagem de ventilação, entrada USB e tomada 12V, devendo a tomada residencial de três pontas, importante para muitas situações, como carregar o celular ou ligar algum outro equipamento. Já a fileira de bancos é corrediça e reclinável.
Inevitavelmente, crítica comum a quase todos os carros de sete lugares, quem vai na última fileira se sacrifica um pouco do conforto, ficando mais adequado para crianças e ainda assim em algumas distâncias apenas, pois o uso prolongado certamente cansará.
Ademais, uma boa absorção das imperfeições encontradas nas vias percorridas, boa altura do solo e a medida dos pneus é bastante adequada. Fica aqui um mérito para a Jeep que, apesar de basear o modelo no Compass, conseguiu nesse aspecto tornar o modelo diferenciado – para melhor, como era de se esperar. Boa suspensão permite ao Commander um bom desempenho em curvas, além de transmitir segurança por não “jogar” a traseira, algo relativamente comum em modelos desse porte.
Porta-malas
Começando a falar do porta-malas do Commander, com sete lugares são 233 litros de capacidade, necessitando de um bagageiro de teto a depender de ocasião e necessidade. Já com cinco lugares, como um carro “tradicional”, são excelentes 665 litros e um vasto espaço, principalmente para cadeirantes que dependendo da cadeira pode carregá-la montada (visibilidade traseira, porém, fica prejudicada).
Segurança
O Jeep Commander conta de série com sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista), freios ABS, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, ISOFIX e Top Tether, além de freio a disco nas quatro rodas e o sistema Jeep Traction Control+, cujo objetivo é atuar em situações de baixa aderência com o solo.
Assistentes de condução
O Jeep Commander Limited traz diversos assistentes de condução já de série. Iniciando pelo controle de cruzeiro (piloto automático) adaptativo ou ACC, o sistema é bastante eficaz e útil, devendo ser utilizado em rodovias, como indicado no manual. Usos levemente urbanos são interessantes também, mas como o modelo não conta como sistema Stop&Go, seu uso é um tanto quanto incômodo nessas circunstâncias.
Continuando, assim como o Compass, durante a noite e dependendo da iluminação do local seu uso é um pouco prejudicado, precisando de algumas atuações no pedal do freio para evitar colisões. Ademais, o modelo conta também com frenagem automática de emergência, mas que antes de se acionado (não foi preciso), emite um alerta no painel para o motorista atuar no pedal do freio.
O leitor de faixas, atuando junto com o leitor de placas é bastante preciso, bem como a correção do volante, mas que ainda faz com que o veículo fique ziguezagueando na pista. Aqui vai uma observação: esses recursos jamais substituem a ação do motorista, pois são apenas auxiliares e não tornam a condução autônoma.
Há ainda o detector de ponto cego com alerta visual e/ou sonoro, bastante útil e de precisão boa, principalmente para evitar acidentes com motociclistas que estejam em ultrapassagem. Completa a lista de assistentes o farol alto automático e o Park Assist que auxilia tanto em vagas horizontais quanto verticais.
Preços e conclusão
O Jeep Commander nessa versão tem preço público sugerido de R$ 267.990, tendo apenas um opcional que é o interior na cor Steelgray, sem custo. Todas as cores ofertadas também não possuem custo. Para PcD há bônus de fábrica de 8%, ficando com preço final de R$ 246.550,80 – pouco mais de R$ 21.400 de redução.
Devemos considerar que como falado no título, o Commander é até o momento o único sete lugares comercializado para PcD que agrega tração 4×4 e motor diesel, ainda que não possua isenção de nenhum imposto. Isso o torna sim uma opção interessante, principalmente para quem demanda veículos com essas características e já possui algum (Toyota SW4 é um exemplo, ainda que não seja concorrente direto).
Além disso, apresenta-se como uma alternativa ao próprio Compass mesmo para quem não precise da última fileira de bancos, pois o porta-malas fica bastante competente e adequado para circunstâncias nas quais o irmão menor não se enquadra tanto. Independente de motorização, o Commander é um veículo bastante completo, seguro, bem-acabado e com predicados que justificam o bom desempenho de vendas desde a sua chegada.
No fim das contas, o M.D.A sagra o Jeep Commander Limited TD380 4×4 aprovado com louvor em nossa avaliação. Em breve, divulgaremos o comportamento do modelo tanto em uso urbano quanto rodoviário e off-road, já que a tração foi testada.