Os rumores acabaram de se transformar em confirmação. A Stellantis fez uma escolha racional e adequada dentro de um processo que reflete a realidade do País. Decidiu adotar a hibridização com motores flex gasolina/etanol em três níveis de projeto e preço, guardando para a etapa final o modelo 100% elétrico. O desenvolvimento foi feito no País.
Tudo planejado para levar em conta o poder aquisitivo do comprador, a oferta de etanol que terá de crescer e considerando o tempo e o capital necessários para construir a infraestrutura de recarga de elétricos puros em um país de dimensões continentais.
Os três primeiros produtos da empresa se chamam Bio-Hybrid, Bio-Hybrid e-DCT e Bio-Hybrid Plug-in. As plataformas físicas, obviamente sem nenhuma carroceria, foram expostas no Tech Center em Betim, MG. São previstas de início para Fiat e Jeep, embora a Stellantis não tenha informado em que marcas e modelos devem estrear.
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A primeira opção substitui o motor de partida e o alternador. Vai operar com a bateria convencional de chumbo-ácido e outra de íons de lítio (menos de 1 kWh), ambas de 12 volts. O recurso liga-desliga o motor terá operação silenciosa (semelhante ao apresentado nos Audi A4 e A5, no ano passado) e possivelmente também poderá desligar o motor abaixo de 20 km/h para economizar combustível. O acréscimo de potência será de 3 kW (4 cv), difícil de perceber no dia a dia, mas não elevará tanto o preço de venda.
Antonio Filosa, presidente da Stellantis para América do Sul, adiantou apenas que haverá dois lançamentos ao longo de 2024. Acredita-se que poderão estrear no Fiat Pulse e no Jeep Renegade.
Quanto à e-DCT deve-se aplicar aos modelos com câmbio automatizado de duas embreagens. Neste caso haverá um segundo motor elétrico de 16 kW (22 cv) totalizando 19 kW (26 cv), mas trabalhará com arquitetura elétrica de 48 V e bateria de íons de lítio de 1 kWh de capacidade. Esse sistema, mais caro, é um híbrido verdadeiro e não o chamado híbrido “leve” da primeira opção. Deve ser reservado para o Fiat Fastback, o Jeep Renegade de topo e o Jeep Compass em 2025.
O passo mais ousado dos Bio-hybrids é o híbrido flex plugável com arquitetura elétrica de 380 V, bateria de íons de lítio de 12 kWh e cujo motor elétrico adicionará 44 kW (60 cv) ao trem de força. A Stellantis também manteve sob sigilo a potência e o torque combinados do motor a combustão e elétrico, bem como o alcance só no modo elétrico e o alcance total. Possivelmente estará reservado ao SUV Jeep Commander. Espera-se que chegue ao mercado no final de 2025.
Também sem marcar um prazo para lançamento, a Stellantis já trabalha no quarto projeto: um modelo 100% elétrico (BEV), embora deva utilizar inicialmente arquitetura monobloco derivada de motor a combustão. É o primeiro fabricante a confirmar oficialmente esse projeto. Sistema elétrico de 400 V, motor com potência a partir de 90 kW (122 cv) e a capacidade da bateria iniciando em 45 kWh. Só deve ficar pronto, dentro de um cronograma previsível, em 2026.
Filosa lembrou ainda o objetivo estratégico do conglomerado franco-ítalo-germano-americano para 2030. Mix de vendas de elétricos atingiria 100% na Europa, 50% nos EUA e 20% no Brasil. Em estudo recente a consultoria brasileira Bright estimou em 8% a participação de elétricos no mercado em 2030, o que parece mais perto da realidade, salvo se o preço das baterias caírem muito.
A fabricante também desenvolveu um motor 100% a etanol e estuda lançá-lo, se houver demanda por parte de empresas que adotem políticas de governança sócio-ambiental (ESG, na sigla em inglês).
Hoje só a Toyota vende híbridos flex no Brasil (Corolla e Corolla Cross), mas com tecnologia importada do Japão.