O sistema de autofinanciamento começou no Brasil no início dos anos 1960, pouco depois da instalação da indústria automobilística. Originalmente atendia apenas veículos novos, mas hoje há consórcios até para cirurgias plásticas. No ano passado, segundo a Associação Brasileira de Administradores de Consórcio, quase 2,5 milhões de contratos foram assinados incluídos todos os tipos de veículos novos e usados: leves, pesados e motocicletas.
Na ponta do lápis, certamente não vale a pena. Consórcio só sobrevive aqui e em alguns poucos países vizinhos. No mercado de automóveis novos representa cerca de 5% das vendas totais. Ainda assim, é preciso tomar cuidado para não cair em armadilhas. Para começar, no lugar de juros se cobram taxa de administração e todos os reajustes dos carros ou motos novos, que podem ser superiores à inflação. Há que se ver o preço médio efetivamente pago depois de 50 ou 60 meses. Os últimos contemplados, além de pouca sorte, tiveram de pagar para que uma empresa o “obrigasse” a fazer uma poupança mensal.
Alexandre Gomes, da fintech Consorciei, descreve quatro golpes contra consorciados envolvendo o sistema.
1) Venda de cota contemplada. Antes de qualquer pagamento certificar-se dos dados e se assegurar da transferência.
2) Promessa de contemplação. Alguns vendedores tentam “empurrar” o produto para uma pessoa menos interessada, garantindo que será contemplada. No entanto isso é incerto, tanto nos casos de sorteio, quanto por lance. A compra do veículo passa por análise de crédito tão rigorosa quanto a de um financiamento. Se não tiver quitado sua cota com o lance, o consorciado precisará deixar o veículo como garantia e seguir com pagamento das parcelas.
3) Entrar em consórcio sem verificar se é autorizado pelo Banco Central. No site do BC há relação atualizada de todas as administradoras do País.
4) Contemplação é diferente de quitação. Embora possa dar um lance de contemplação que também quite o consórcio, caso o lance seja menor que o saldo devedor ou o consorciado tenha sido contemplado por sorteio, ainda precisa pagar as parcelas restantes.
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Temas relevantes e atuais marcaram a 28ª edição do Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea), na semana passada. O macrotema deste ano: “A Revolução da Mobilidade na Sociedade 5.0”. O conceito de Sociedade 5.0 surgiu no Japão, em 2016, e sucederá os quatros anteriores na perspectiva histórica: Caça, Agricultura, Indústria e Informação. Agora os focos apontam para qualidade de vida, sustentabilidade e inclusão.
Este ano houve mais de 1.000 inscritos e foram apresentados 60 trabalhos técnicos, 10% a mais que a edição do ano passado.
Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul, disse na abertura do Simea que o Brasil precisa acelerar o passo para continuar a atrair investimentos externos na indústria. Destacou que há dez anos a previsão era de crescimento contínuo do mercado, mas o cenário hoje está abaixo do esperado. Para isso, caminhos tecnológicos precisam surgir para definir o futuro.
Uma das palestras mais interessantes, apresentada por David Dias, da Accenture Technology, previu que, em 2025, no Nível 3 de automação (hoje estamos no Nível 2,5) o carro poderá se movimentar sozinho, apenas sob supervisão do motorista. “Melhor dos mundos é a combinação da máquina com o julgamento humano, apesar de a Inteligência Artificial facilitar práticas e resultados”, afirmou.
Dyrr Ardash, da Williams Advanced Engineering, destacou que “a eletrificação é a chave para o futuro da propulsão automotiva, mas as alternativas de energia em pesquisa precisam ser sustentáveis e, ao mesmo tempo, atender às exigências do consumidor final para manter sua confiança”. Essa confiança pode ser traduzida como autonomia, tempo e rede de recarga, entre outros desafios.
Dois representantes do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, José Gontijo e Eliana Emediato, ressaltaram o objetivo “de incentivar produção no Brasil de itens mais complexos, além de aumentar a produtividade da indústria nacional a partir de modelos de negócios inovadores e maior cooperação das cadeias produtivas”.
No início desta semana, a fabricante de autopeças ZF informou que até 2025 a adoção do sistema de Frenagem Automática de Emergência (AEB, na sigla em inglês) deve saltar de 5%, atualmente, para 26% dos veículos vendidos no Brasil. A empresa acenou com a possibilidade de produzir aqui, em médio prazo, as câmeras frontais para AEB. Esse equipamento deve se tornar de série até o fim dessa década. É um dos mais importantes para diminuir acidentes por erro ou distração do motorista. E poderá reduzir o valor do seguro.
Por: fernandocalmon.com.br