O cancelamento da 90ª edição do tradicional Salão de Genebra, marcado para 5 a 15 deste mês, em razão da epidemia de coronavírus, não deixou os fãs dessa exposição totalmente órfãos. Em primeiro lugar porque as novidades deste ano são muitas e importantes. Ao mesmo tempo a organização disponibilizou em seu site as apresentações à imprensa, ao vivo pela internet, nos dias 3 e 4 de março, pois todas estavam agendadas e prontas. Até mesmo a eleição do Carro do Ano da Europa (ler abaixo) foi transmitida. Tornou-se, assim, por mero acaso, o primeiro salão do automóvel virtual da história.
Embora os carros elétricos continuem em alta nos salões pelo aspecto da novidade, sempre muito aguardada nesse tipo de exposição, a edição deste ano atende a todos os gostos, do Fiat 500 elétrico ao visceral Porsche 911 Turbo S. O primeiro confirma a tendência de subcompactos tornarem-se os modelos mais adequados para eletrificação. No uso urbano o alcance é suficiente e sem surpresas graças à capilaridade da rede de recarga. Nesse rumo seguem o Citroën Ami (dois lugares) e até o Dacia Spring (um Kwid elétrico mais barato, para quatro ocupantes).
O 911 Turbo S, de oitava geração, continua em sua escalada de potência (650 cv) e torque (nada menos de 81 kgfm!) com aceleração de 0 a 100 km/h em incríveis 2,6 s e freios dianteiros com pinças de 10 pistões (!). Na divisão de carros convencionais de alto desempenho a Alfa Romeo revive o nome GTA no sedã Giulia, em série exclusiva de 500 unidades.
Os hipercarros também estão bem representados desde a marca californiana Czinger com o modelo 12 C híbrido de 1.250 cv, volante em posição central (série de apenas 80 unidades) até o Pagani Imola de 838 cv e apenas 1.246 kg de peso. Pininfarina destacou o Battista Anniversario, automóvel mais potente já fabricado na Itália (1.900 cv!) que chega no fim do ano por nada menos de 2,6 milhões de euros (R$ 13 milhões em conversão direta, sem impostos).
A Volkswagen segue a onda do alto desempenho com as versões GTI (gasolina), GTD (diesel) e GTE (híbrida) da oitava geração do Golf, o carro mais vendido na Europa. Também apresentou o SUV elétrico ID.4. Audi tem a nova geração do A3 Sportback. Mercedes-Benz continua a investir em híbridos plugáveis nos CLA Coupé e Shooting Brake (station), além da segunda geração do GLA com sistema EQC de hibridização leve.
Chama atenção o inteiramente novo BMW i4, um cupê elétrico conceitual que chegará ao mercado em 2021, caracterizado pela grade frontal avantajada. Também no campo dos elétricos conceituais, porém um pouco mais distantes da produção seriada, há o duelo das marcas francesas. A Renault apresentou o Morphoz e a DS (marca premium do grupo PSA) o Aero Sport Lounge, ambos SUVs cupês de linhas muito arrojadas e equipamentos de ponta, ainda em desenvolvimento. A Volvo mostrou o Polestar Precept, seu sedã elétrico com novos materiais mais duráveis no interior.
Entre veículos convencionais, era esperado o conceito do segundo SUV compacto da Toyota. Daria boas pistas de como será o modelo produzido em Sorocaba (SP) em 2022. Mas, a marca japonesa cancelou a apresentação.
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ALTA RODA
FORD mudou planos iniciais, mas continua a apostar firmemente em SUVs, segundo fontes da Coluna. SUV médio chinês Territory, que chega em meados deste ano, não deverá ser produzido na Argentina, como cogitado. Mas há dois novos SUVs, mais baratos que o chinês, para fabricação em Camaçari (BA) em 2022/23, após lançamento da nova geração do EcoSport (2021).
EMPLACAMENTOS não feitos em janeiro ajudaram os números de fevereiro. Média diária de vendas foi 20% superior a de janeiro, apesar de menos dias úteis em razão do Carnaval. Primeiro bimestre de 2020 ficou ligeiramente menor que o mesmo período de 2019: menos 1%. Mas, Fenabrave avalia que o mercado total (veículos leves e pesados) será 10% melhor este ano.
MÊS passado também foi bom para marcas da Abeifa – Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores. Apesar do avanço do dólar frente ao real, as associadas conseguiram segurar os preços dos veículos em estoque. Vendas subiram 10,8% em relação a janeiro. Situação deve mudar com a escalada da moeda americana.
PEUGEOT 208 venceu o prêmio de Carro do Ano 2020 na Europa. Esse evento, tradicionalmente na véspera do Salão de Genebra, reúne 60 jornalistas de 23 países e existe desde 1964. Porsche Taycan e Tesla 3, 100% elétricos, foram finalistas. Prevaleceu, porém, o “poder da escolha”, pois o modelo francês oferece versões tanto com motores térmicos (gasolina e diesel) quanto só elétrico.
RODAS de liga leve de alumínio muitas vezes têm o mesmo peso das de aço. Brasileira Maxion aceitou o desafio de uma marca japonesa (ainda por revelar) e projetou rodas de alumínio de 6,5 x 17 pol. que em conjunto diminuíram em 7 kg o peso total do carro. Vantagens: economia de combustível, desempenho e estabilidade, neste caso por reduzir massa não suspensa.
[Por Fernando Calmon]