O Mundo do Automóvel para PcD recebeu mais um veículo para testes, dessa vez por um período de duas semanas. Trata-se do SUV médio de sete lugares Jeep Commander na versão Overland com o novo motor 2.0 Turbo a gasolina da família Hurricane. Esse propulsor também equipa a RAM Rampage, modelo também avaliado recentemente pelo M.D.A na versão esportiva R/T.
Com preço público de R$ 311.290, não dispõe de isenção de IPI para PcD em virtude do teto, mas a marca norte-americana oferta o modelo com bonificação para o segmento. O preço para pessoas com deficiência constará ao longo da matéria.
Na linha 2025, o modelo segue com seu visual bastante marcante e de certa forma único, ganhando uma nova grade nas versões com a motorização 2.0 Hurricane, com elementos horizontais e rodas de 19” exclusivas dessa versão. Vale destacar que a versão Overland é a única que tem as três motorizações disponíveis: a nova e as já utilizadas 1.3 turboflex e 2.0 turbodiesel (ambas preservam a roda que vem desde 2021).
Indo para a parte mecânica, o Commander traz aquele que na minha concepção é o motor ideal para ele até então, pois ele ainda receberá o 2.2 diesel que estreia na RAM Rampage. Curiosamente, o 2.0 Hurricane também equipa a picape, assim como o Jeep Wrangler e agora também o Compass.
Dispõe de potência de 272 cavalos a 5.200 rpm e de torque de 40,8 kgfm a 3.000 rpm – rotação relativamente alta, mas que não é necessariamente um problema. Com ele, o modelo vai de 0 a 100 km/h em 7 segundos, de acordo com o divulgado, mas durante os testes foi possível chegar ao número de 6,6 segundos.
Isso o credencia como um modelo necessariamente esportivo? Não, pois demais acertos, como a suspensão, não são voltados para essa finalidade, mas quando vamos para o Volkswagen Tiguan R-Line vendido antes da atualização, podemos dizer que a Jeep de certa forma criou um “sucessor” para o modelo da marca alemã. Isso, pois ele fazia de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos – ante 9,2 segundos do modelo atual.
Mas fato é que pelo menos até a chegada do motor 2.2 turbodiesel à gama do modelo, esse é o propulsor que melhor casa com o SUV de sete lugares da marca norte-americana. Valendo destacar também o câmbio automático de nove velocidades atrelado a tração 4×4 automática com seletor de terrenos.
Já no que diz respeito ao conforto, o modelo da Jeep possui uma excelente calibração da suspensão tanto no asfalto de rodovias quanto em uso urbano e off-road, filtrando bem as irregularidades e passando pouco para a cabine. Destaque para o conforto e segurança conferidos em estrada em velocidade de cruzeiro, onde o veículo possui ótima estabilidade mesmo com um centro de gravidade mais elevado.
A escolha de pneus 235/50 também torna o Commander mais acertado que Renegade e Compass com rodas aro 19 que usam 235/45, já que um perfil mais alto propicia um conforto superior.
Com relação ao consumo, o Commander com essa motorização (apenas a gasolina) tem as seguintes médias no INMETRO: 8,2 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada. São médias consideravelmente melhores que as da Rampage testada anteriormente pelo M.D.A, mas que na prática podem ser ainda melhores.
Isso, pois o Commander na estrada em nossos testes chegou a obter médias entre 12 e 13 km/l em uma média de velocidade entre 90 e 100 km/h. Ao exigir um pouco mais do veículo, as médias ficam entre 10,5 km/l e 11 km/l, ainda superiores ao divulgado pelo instituto. Já no uso urbano, médias entre 7,5 km/l e 8 km/l dependendo do trânsito, mas confesso que cheguei a notar média de 8,5 km/l em algumas situações.
⇒ 5 Pontos: Nissan Sentra Exclusive 2025
⇒ 5 Pontos: Renault Kardian Première Edition 2025
A parte de assistência a condução já era completa e ficou ainda mais na linha 2025 com o assistente de centralização em faixa, sistema que atua de forma auxiliar ao piloto automático adaptativo e proporcionam conjuntos uma experiência semiautônoma bastante agradável.
Se nos modelos anteriores havia uma deficiência no sistema de permanência em faixa, onde o carro ficava andando em zigue-zague, esse novo sistema funciona até mesmo onde as faixas não estão muito bem pintadas, tendo o veículo da frente como base.
Logicamente é necessário colocar as mãos no volante, pois trata-se de um assistente e não de uma condução autônoma plenamente dita. Indo para o condutor PcD, esses sistemas são de extrema importância, vide o fato de ser um contribuinte para a segurança e melhor usabilidade do carro.
Outro ponto de muito destaque no Jeep Commander é o sistena de som premium da Harman Kardon com 10 canais (9 auto-falantes e 1 subwoofer) e potência de 450W. Arrisco dizer que é o melhor sistema de som que já ouvi em carros fabricados no Brasil atualmente.
Mesmo em volumes mais elevados, não são percebidas distorções, com os graves limpos e que não são transmitidos para o acabamento. Principalmente comparado ao sistema de som Beats que é utilizado no Compass, o Harman se sobressai de forma bastante considerável.
No acabamento, o Commander segue o mesmo nível de acabamento de Compass e Rampage, tendo material soft touch na parte superior do painel, mesclando com uma parte em suede marrom costurado levemente macio na parte inferior, imediatamente abaixo das saídas de ar que aparentam ser contínuas, mas não são. Nas portas dianteiras, material soft touch na parte superior com couro tanto no apoiador de braço quanto nas laterais de porta, numa elegante cor marrom que é replicada nos bancos que possuem também suede nas pontas.
Nas portas traseiras, porém, com exceção do couro nos apoiadores de braço, predominância de plásticos rígidos. No mais, a qualidade de montagem é bastante nítida, algo bastante pertinente e necessário em veículos que atuam na faixa de preço do Commander.
A parte tecnológica do Commander é muito recheada, cheia de assistentes já citados, além de central multimídia completa e painel digital de qualidade. Contudo, assim como na RAM Rampage, o Jeep Commander carece de câmera 360º, um recurso que o próprio Compass tem em alguns mercados. Não por ser um veículo difícil de se guiar, pelo contrário, ele muitas vezes parece ser melhor que o irmão menor, mas justamente em virtude de ter preço na casa de R$ 300 mil.
Como observação, podemos citar como exemplo os SUVs Hyundai Creta e Nissan Kicks, modelos compactos que em suas versões mais completas dispõem de tal recurso. Menção honrosa para a câmera de ré de excelente qualidade.
Outro recurso que para muitos pode parecer ou até ser uma firula, mas que quando vamos para alguns modelos de preços abaixo do Commander, ele está presente. Trata-se do resfriamento dos bancos dianteiros.
Como o modelo possui bancos em couro e o país o qual vivemos possui temperaturas bastante elevadas, sobretudo o nordeste, região onde moro, o recurso seria de extrema importância para a comodidade e sensação de bem-estar no veículo. Para a linha 2025, o modelo ganhou algo que também fazia bastante falta, a memória da regulagem para o banco do motorista.
Outra ponderação está com relação a um certo (des)conforto que existe na última fileira de ocupantes do modelo da Jeep. Carros de sete lugares no mercado brasileiro não possuem como forte levar pessoas e bagagens de forma simultânea, isso é um fato. Porém, outro fato é que a última fileira de ocupantes costumeiramente não é deveras confortável.
No Commander, infelizmente, não é diferente, sendo um modelo apenas suficiente para essa demanda, ficando relativamente ideal para o transporte de crianças nessas condições. Qualquer pessoa maior, sobretudo adultos, logo terá dificuldades caso vá percorrer longas distâncias.
No geral, o Jeep Commander Overland com o motor 2.0 Hurricane agradou muito e sai com diversos elogios de nossos testes. Custa R$ 311.290, mas tem descontos para CNPJ e PcD sem isenções que reduzem o preço para em torno de R$ 261.400, ou seja, uma significativa diferença quando o assunto é venda direta.
Porém, mesmo sendo pessoa física, não é difícil conseguir boas vantagens na Jeep, podendo facilmente adquirir o modelo abaixo dos R$ 300 mil. É muito dinheiro? Sim, mas é um veículo onde você tem uma considerável percepção de valor.
O que quero dizer com isso? Que comprando um Jeep Commander existe uma entrega de produto muito boa para o que custa, sobretudo quando vamos para carros premium de quase R$ 400 mil. Ou seja, o SUV de sete lugares fabricado em Goiana (PE) pode sim ser um “queridinho” e favorito daqueles que podem optar por um veículo importado.