Avaliação

5 Pontos: Renault Kardian Première Edition 2025

Versão topo de linha do novo SUV da Renault passa por nossa avaliação, veja os pontos que mais cativaram e os que mais incomodaram.


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O Mundo do Automóvel para PcD avaliou durante sete dias o Renault Kardian, SUV compacto urbano recentemente lançado pela marca francesa sob o slogan “A mudança que muda tudo.” Mas afinal, será mesmo que ele transmite isso?

No todo, podemos dizer que sim, pois ele representa uma mudança em alguns conceitos da marca no mercado brasileiro, iniciando o que deve ser uma nova linhagem de produtos mais completos, esmerados e com mais valor agregado. Porém, isso é papo para outra hora.


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Aqui, vamos trazer os 5 pontos que mais agradaram e os que mais desagradaram durante a avaliação do modelo. Lembrando que aqui trazemos a versão topo de linha Première Edition.

Pontos positivos

1.Motorização/desempenho

Todas as versões do Renault Kardian trazem o motor 1.0 turbo que é novidade na gama da marca no Brasil, mas que na Europa já é amplamente utilizado.

Tendo potência de 125 cavalos no etanol ou 120 na gasolina a 5.500 rpm com torque de 22,4 kgfm no primeiro combustível ou 20,4 kgfm a 2.200 rpm no segundo, o Renault Kardian possui números dentro do seu segmento, mas se considerarmos o torque no combustível derivado da cana, falamos do 1.0 com o maior número do país.

A unidade avaliada estava na gasolina, mas ainda assim o modelo vai muito bem em retomadas, ultrapassagens e tem um rodar bastante equilibrado no uso urbano, principal proposta do Kardian, como ressaltado até pela própria Renault. É um veículo “fácil” de se exigir dele, em virtude da boa disponibilidade de torque em baixas rotações.

Com relação peso x potência de 9,33 kg/cv, o modelo vai de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos, pesando 1.166 kg.

2.Câmbio

O mercado brasileiro volta após algum tempo a ter um produto de volume no segmento automotivo com transmissão automatizada, nesse caso, de dupla embreagem e banhada a óleo de seis marchas. Em nada lembra os temidos I-Motion, Dualogic ou até o próprio Easy-R da Renault, pelo contrário.

Esses câmbios citados acima, além de não serem banhados, são de apenas uma embreagem, o que acentua os trancos, desgastes de componentes e manutenções, comprometendo a experiência. Com o Kardian, devemos esperar algo diferente, mas é uma resposta que é apenas o tempo dirá.

No uso, falamos de uma transmissão com trocas muito rápidas e eficientes, diria também imperceptíveis, já que com a progressividade delas, não é algo transmitido para os usuários. São muito precisas também, já que o veículo não fica se “embananando” sobre qual marcha utilizar em determinada demanda.

Portanto, o câmbio EDC está muito bem calibrado para o modelo e a expectativa é de que seja bastante duradouro. Valendo destacar também que esse fator depende muito da manutenção dada.

3.Consumo

A junção de um bom motor com um bom câmbio, por consequência, tende a resultar em um bom consumo e com o Renault Kardian isso não é diferente.

Claro que em relação ao Duster avaliado anteriormente devemos guardar as proporções, mas diferente do veterano anteriormente avaliado, o novato da marca francesa se destaca muito positivamente no que diz respeito ao consumo.

De acordo com o INMETRO, na gasolina, o modelo tem médias de 13,1 km/l em cidade e 13,9 km/l. Já adianto que a média urbana não foi tão próxima, sendo ela variada entre 11 e 11,5 km/l a depender do fluxo e demais fatores, mas ainda assim sendo um número muito bom para um veículo de proposta citadina que entrega a desenvoltura do Kardian.

Já em rodovia, o modelo facilmente chega perto dos 16 a 17 km/l, sendo a menor média registrada de 14,5 km/l, ou seja, superior ao número divulgado pelo Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV).

4.Dirigibilidade

Confesso que até dirigir o Renault Kardian, para mim, a referência em dinâmica no segmento era o Volkswagen Nivus e a referência em suspensão somada ao conforto era o Fiat Pulse. Porém, tive uma gratíssima surpresa.

O Kardian consegue ser melhor que os dois em ambos os aspectos, ofertando uma dinâmica muito interessante com uma suspensão bastante equilibrada que tem boa absorção dos impactos de valetas, buracos e ruas mal ou nada pavimentadas. Chama atenção o fato das rodas serem 17 polegadas, o que tende a prejudicar o conforto, mas não é o que ocorre.

Fazendo uma breve comparação com os rivais, o da marca alemã tem sim uma dinâmica interessante, mas que no conjunto acaba não sendo tão bacana, pois a suspensão tem certa rigidez e os impactos são facilmente sentidos. No caso do modelo da marca italiana, a dinâmica não chega a ser primorosa, mas a suspensão tem a calibração ideal para o país.

Portanto, o ajuste da Renault com o Kardian proporcionou ao mesmo tempo um veículo confortável, seguro e “na mão” para o motorista.

5.Piloto automático adaptativo (ACC)

Todo carro com esse equipamento terá ele devidamente elogiado em nossas matérias. O piloto automático adaptativo para boa parcela da população é mero artigo de luxo e desnecessário, mas quando falamos de pessoa com deficiência, a coisa muda de figura.

O ACC permite que o veículo seja conduzido pelo usuário com mais eficiência, conforto e segurança, sobretudo em viagens mais longas e no Kardian chama atenção que ele mostra no painel de instrumento a distância do veículo da frente. Como não possui a função Stop&Go, ele é automaticamente desativado a 20 km/h e para frear totalmente a ação do condutor é necessária.

Porém, tudo feito com bastante suavidade e até privilegiando o consumo do veículo. Em relação aos concorrentes, apenas o Pulse não dispõe desse recurso, embora tenha outros ausentes no Kardian.

O único adendo é que a Renault ao meu ver já poderia ofertar o ACC na versão intermediária Techno, até aproveitando que o modelo possui o recurso da frenagem de emergência.

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Pontos negativos

1.Isolamento acústico

Se o Duster, um modelo de concepção mais antiga, se destacou no quesito isolamento acústico, o Kardian infelizmente decepcionou.

Não será julgado aqui o mérito do som do motor na cabine, já que o ronco do modelo é até legal para a proposta e pelo motor 1.0 turbo. Porém, os sons externos, como vento em velocidades maiores e buzinas são facilmente perceptíveis no modelo da marca francesa.

Talvez seja algo revisado pela marca com o tempo, mas não é algo que agradou, embora não comprometa de forma tão significativa a experiência e que ofusque os demais pontos positivos do SUV.

2.Cadê a alça pantográfica do capô?

Outra coisa que o Duster dispõe e o Kardian não é a alça pantográfica do capô, ou seja, é necessário recorrer a boa e velha vareta para manusear o compartimento do motor. Vale citar que até Sandero e Logan dispuseram dessa facilidade que, também voltando para o caso da PcD, é de grande valia.

Pense em uma pessoa cadeirante, como eu, ou alguém de baixa estatura que vá simplesmente completar o nível da água do limpador de para-brisas, algo que se faz com certa frequência. Há certa dificuldade durante o processo, devendo necessitar de uma segunda pessoa para segurar o capô, pois há o risco dele voltar e acabar ferindo a cabeça do usuário gravemente.

3.Cadê o sensor de chuva e o retrovisor fotocrômico?

Uma ausência bastante sentida no Kardian está no sensor de chuva e no retrovisor interno fotocrômico que, somados ao presente sensor crepuscular, fechariam o “combo” ideal para o modelo. Lógico que não dá para ter tudo, ainda mais em um modelo nessa faixa de preço, mas a montadora se esforçou em colocar freio de estacionamento eletrônico e boa lista de assistentes à condução.

Logo, colocar esses dois itens faltantes que, particularmente, vejo como triviais nessa precificação, seria algo louvável. Lembrando que as versões topo de linha dos concorrentes possuem os três equipamentos de conveniência.

4.Painel de instrumentos e central multimídia simples

Com 7 polegadas, o Kardian tem o painel de instrumentos inteiramente digital, assim como os seus rivais, mas parece que a Renault não foi muito feliz na escolha de layouts e na disposição do que é mostrado, sobretudo luzes-espia. Isso, pois fica tudo concentrado na tela e nas bordas por fora fica um grande vazio, concentrando tudo em um mesmo lugar, dando um “excesso de informação”.

Outra questão está no conta-giros na horizontal, não tendo uma opção de visualização “tradicional”, o que pode vir a confundir muitas pessoas, além do mais, ele não está na tela principal, devendo o condutor alterar a visualização para ter acesso.

Sobre a multimídia, trata-se da mesma utilizada no Duster, tela de 8 polegadas e Android Auto/Apple CarPlay sem fio, além de ter o essencial ao condutor. Porém, carece de recursos maiores e quando acionamos as câmeras do veículo, nota-se um considerável delay.

5.Cadê a oferta para PcD?

Do mesmo modo como ocorre no Duster Iconic TCe, o Kardian nessa versão não é vendido para PcD, restando apenas as versões Evolution (com isenção de ICMS parcial) e Techno (apenas de IPI). Portanto, alguns recursos que são restritos ao modelo topo de linha, como o ACC, não estão disponíveis para pessoas com deficiência.

Fica um tanto difícil de compreender, pois quando vamos para Pulse Impetus e Nivus Highline, ambos são ofertados na modalidade, ainda que o modelo da marca alemã seja consideravelmente mais caro. Logo, caberia sim a Renault comercializar a versão top com isenção de IPI e o mesmo bônus de 9% das outras versões.

Com relação a preços, ele custa a partir de R$ 132.790, com a cor Laranja Energy do exemplar custando R$ 1.900. Não são ofertados opcionais, ou seja, somando preço do veículo com a cor, o exemplar testado não sai por menos de R$ 134.690.

Galeria de fotos: Renault Kardian Première Edition 2025

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Published by
Carlos Augusto Nascimento