O Mundo do Automóvel para PcD avaliou durante sete dias uma unidade do SUV compacto Renault Duster na versão topo de linha Iconic Plus equipada com o conjunto motor 1.3 turbo da marca francesa elaborado com a Mercedes-Benz, aliado ao câmbio automático CVT que simula oito marchas.
Esse quadro consiste na pontuação de 5 pontos de destaque e 5 pontos de atenção percebidos no exemplar durante a avaliação, tendo como um todo o Duster ter saído de forma bastante satisfatória de nosso período avaliativo. Lembrando que o modelo da marca francesa estreou por aqui em 2012, estando na mesma geração desde então e recebendo apenas pontuais mudanças ao longo do tempo.
Vamos começar pelos pontos que agradaram e posteriormente os demais:
1.Motorização/desempenho
A versão topo de linha do SUV compacto da Renault pode vir equipada tanto com o propulsor aspirado 1.6 SCe de 120 cavalos quanto com o 1.3 TCe de 170 cavalos máximos que equipa a unidade testada. Se vale a pena pagar a mais pelo motor, isso vai depender do seu perfil, mas se esse que vos escreve fosse adquirir um, certamente pagaria.
Falamos aqui de um motor bastante moderno, adotando inclusive tecnologias da Fórmula 1, como um tratamento diferenciado nos componentes móveis do cabeçote, anéis e pinos dos pistões, injeção direta de combustível, duplo comando de válvulas variáveis, entre outras inovações.
Lançado na gama do veterano modelo na linha 2023, ele dá conta do recado com folga, traduzindo em retomadas rápidas e um bom vigor independente da faixa de rotação. Lembrando que são 27,5 kgfm de torque a 1.600 rpm tanto no etanol quanto na gasolina, com a unidade abastecida na gasolina, ou seja, rendimento de 162 cavalos a 5.500 rpm.
Com relação peso x potência de 7,96 kg/cv, o Duster TCe vai de 0 a 100 km/h em 9,2 segundos, pesando 1.353 kg.
2.Robustez
Talvez seja esse um dos pontos que mais me surpreendeu conduzindo o Duster, sendo uma opinião unânime entre todos os que já conduziram algum exemplar. Não à toa é “queridinho” em muitas frotas e polícias.
Chama atenção a solidez da suspensão do modelo, sendo com sobras o SUV compacto com mais alma de aventureiro de todo o segmento, isso desde o seu lançamento em 2012, já que ele nunca mudou de geração. Em conjunto, os bons ângulos de entrada (30º) e saída (34,5º), assim como altura em relação ao solo de 237 mm, fazem dele um veículo bastante prático para o cotidiano, mesmo tendo dimensões grandes para o dia a dia.
Valetas e lombadas são facilmente transpostas pelo SUV da Renault, assim como o bom desempenho em ruas sem calçamento merece ser destacado. A suspensão interpreta bem o solo, algo imprescindível, sobretudo em um país onde a conservação das estradas não é exemplar.
3.Condução
Esse é um ponto relativo, já que depende de vários fatores, como estatura e perfil de cada um. Porém, se o usuário opta por um veículo desse, presumo que um dos motivos seja exatamente a posição de guiar mais elevada. E com o Duster isso é garantido.
Fruto não apenas de ser um veículo com suspensão relativamente elevada, o Duster é um carro “fácil” de dirigir, sendo tranquilo de se encontrar uma posição em razão das regulagens de altura e profundidade do volante. Boa área envidraçada também faz dele um veículo prazeroso de guiar, além da segurança conferida pelo alerta de ponto cego que ele traz.
4.Isolamento acústico
Quando falamos de projetos já datados, ou seja, com certa longevidade de mercado, pensamos em obsolescência, defasagens e também que até escanteados pela montadora foram. Com o Duster, fica claramente perceptível algumas questões em virtude justamente do tempo, mas outras foram aperfeiçoadas.
Uma delas é o isolamento acústico, ponto bastante destacado durante o período de testes com o SUV e, comparando com outros Duster de anos anterior que já andei, foi bastante evoluído. Como consequência, uma elevação do conforto a bordo.
E um grande contribuinte para isso é a manta acústica adotada no capô, um recurso cada vez mais ausente de produtos recentes, vide uma redução no custo de produção.
5.Porta-malas
Até a chegada do Fiat Fastback com 516 litros de capacidade, o Renault Duster era detentor do maior porta-malas do segmento com seus 475 litros. Contudo, isso não quer dizer que o modelo da marca francesa tenha deixado de ser exemplar nesse quesito.
Como um bom SUV com proposta familiar, o Duster tem capacidade bastante generosa para atender as mais diversas demandas e, quando falamos especificamente do público PcD, atender cadeirantes é uma tarefa bastante fácil. Logicamente que existem diversos modelos e padrões de cadeiras de rodas, mas uma cadeira do tipo monobloco pode caber montada no compartimento.
Com isso, há um ganho na praticidade e agilidade da pessoa com deficiência e também de quem a auxilia.
⇒ 5 Pontos: Peugeot 208 Griffe Turbo 200 CVT
⇒ 5 Pontos: Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP
1.Consumo
O famoso ditado “cavalo que anda bebe” durante nossos testes acabou fazendo bastante sentido ao Duster Iconic com motor TCe. Da mesma forma que ele surpreendeu positivamente no desempenho, seu consumo foi algo que surpreendeu negativamente.
Antes de pontuar, vale destacarmos algumas coisas, como o fato das médias de consumo dependerem de vários fatores, como forma de condução, relevo, clima, entre outros. De acordo com o INMETRO, as médias na gasolina para o modelo são 10,8 km/l na cidade e 11,5 km/l na estrada.
Costumeiramente, tenho como hábito fazer médias parelhas na cidade e médias superiores na estrada, mas com o exemplar em questão não foi o que ocorreu, já que o consumo urbano variou entre 7,5 e 8 km/l e o rodoviário entre 9,5 e 10 km/l no mesmo combustível. Salientando que em 100% do tempo o veículo esteve com ar-condicionado ligado e com no máximo um ocupante além do condutor.
O veículo testado também possuía baixa quilometragem, abaixo dos 2.000 km rodados, o que também pode ter ajudado a ocasionar as médias inferiores. Contudo, por uma questão de lógica, pontuamos isso em nossa avaliação e também demos as circunstâncias.
2.Padrão de acabamento
Assim como falado na hora de pontuar o elogio ao isolamento acústico do Duster, vale dizer aqui também que o modelo é vendido em nosso mercado desde 2012 e que apenas recebeu atualizações de lá para cá, estando na mesma geração.
Porém, um detalhe que não foi revisado nesse tempo é o acabamento, mantendo o mesmo padrão desde o início, tendo materiais rígidos com certa aspereza e que acabam contrastando com o preço cobrado pelo modelo, sobretudo quando falamos de versão Iconic.
Em termos de revestimentos, o Duster até manda bem, com um bom couro nos bancos e com as portas dianteiras tendo um tecido de bom aspecto. Porém, quando o assunto é a escolha de plásticos, a Renault não foi muito feliz.
Já ao andar em pavimentos ruins, mesmo com pouco tempo e quilometragem, já é possível notar alguns “grilos” no painel do exemplar.
3.Multimídia
Com uma tela de 8 polegadas, a central multimídia do Renault Duster não tem uma oferta muito ampla de recursos, ou seja, dispõe apenas do essencial no assunto conectividade: Android Auto/Apple CarPlay sem fio, entradas USB-C para carregamento de celular e Bluetooth. Ademais, ela tem ajustes de veículo e de som, algo de praxe, além do Eco Driving, um sistema do carro que atribui nota ao consumo de acordo com forma de condução.
Porém, a qualidade e tamanho são incompatíveis com o que encontramos em boa parte dos veículos atuais, com uma tela relativamente opaca e de difícil visualização noturna, principalmente usando o Android Auto. Complementando, ela exibe as câmeras externas do sistema Multiview, cuja qualidade também não é tão interessante, embora cumpram a função.
4.Ausência de tração 4×4
Um dos maiores triunfos do Renault Duster durante oito anos, de 2012 a 2020, sem dúvidas foi a tração 4×4. Bastante robusta e equilibrada, o modelo fazia parte de um seleto grupo de SUVs compactos com isso, juntamente do Ford EcoSport que viria a ser descontinuado no ano seguinte e do remanescente até os dias de hoje Jeep Renegade.
Hoje, o Duster possui o melhor conjunto mecânico entre todos os modelos já ofertados desde o seu início, composto justamente do 1.3 turbo aliado ao câmbio CVT de oito marchas simuladas, mas a tração é algo que faz falta – ainda que fosse um opcional.
Com esse conjunto mais robusto e eficiente, certamente o Duster com tração 4×4 superaria com folga diversos percursos e atrairia uma clientela carente de opções, já que o modelo da norte-americana Jeep é o único representante atual. Vale destacar que a picape Oroch que é derivada do Duster passa pela mesma questão.
Há quem diga que a razão disso é justamente a transmissão automática não viabilizar a colocação do sistema de tração, mas sem dúvidas seria uma adição e tanto ao portfólio do modelo.
5.Cadê a oferta para PcD?
Desde o seu lançamento, o Duster Iconic com motorização TCe nunca foi oferecido com isenção de IPI para o público de pessoas com deficiência e a razão para isso poderia até ser o Captur, modelo que tinha o mesmo powertrain. A questão é que ele foi descontinuado e ainda assim o Duster sequer é ofertado.
Portanto, a pessoa com deficiência que optar pelo SUV da marca francesa terá à disposição somente as versões Intense Plus e Iconic Plus com o motor 1.6 16V aspirado de até 120 cavalos e transmissão CVT de seis marchas simuladas. Porém, vale destacar que a versão homônima tem o mesmo conjunto de equipamentos, mesmo com a motorização mais fraca.
Com relação a preços, o Duster Iconic com motorização TCe custa a partir de R$ 157.990, com a cor Cinza Cassiopée do exemplar custando R$ 1.900. Ele tem ainda o Pack Outsider, adicionando por R$ 1.800, faróis de milha auxiliares com molduras ao redor da placa e frisos laterais com detalhes em laranja. Portanto, igual ao modelo testado, ele sai por R$ 159.890.