O Mundo do Automóvel para PcD avaliou durante dez dias uma unidade do SUV da marca francesa Peugeot, o 2008, na versão topo de linha Griffe com a motorização 1.6 THP.
Lembrando, que esse quadro começou no ano passado com o Fiat Fastback e, devido a boa repercussão, trazemos novamente com o modelo da “marca do leão”. Vale destacarmos também que não temos o intuito de convencer ou desmotivar a aquisição de ninguém, apenas passar um ponto de vista aprofundado sobre o produto.
Diferente do que foi feito com o modelo da marca italiana, serão 4 pontos positivos onde o 2008 se destaca, tendo apenas 1 negativo, mas que de certo modo vai abranger uma série de outras questões.
Vamos começar pelos pontos que agradaram e posteriormente os demais:
4 Pontos positivos do Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP
1.Motorização
O 2008 com motorização THP é um carro extremamente prazeroso de guiar, tendo respostas bem rápidas no acelerador, fruto de bastante torque em baixas rotações e de uma das maiores potências do segmento. O exemplar estava abastecido na gasolina, então vamos usar apenas esse combustível como referência, embora seja flex.
Logo, são 165 cavalos a 6.000 rpm com torque de 24,5 kgfm a apenas 1.400 rpm, possuindo relação peso x potência de 7,2 kg/cv, bastante atrativa para a proposta nada esportiva do SUV compacto. Seu 0 a 100 km/h de acordo com a ficha técnica é de 8,1 segundos.
Porém, quando vamos comparar com o Pulse Abarth, um verdadeiro SUV compacto esportivo, não temos números de desempenho muito discrepantes, ressaltando o destaque do 2008 THP nesse aspecto. Para se ter uma ideia, o modelo da marca italiana tem 180 cavalos na gasolina (15 cv a mais) e 27,5 kgfm de torque (3 kgfm a mais), mas num giro maior – 1.750 rpm. Sua relação peso x potência é de 6,92 kg/cv, basicamente 0,3 kg/cv a menos que o modelo da marca francesa somente.
Lembrando que no 2008 temos o Grip Control, responsável por selecionar alguns modos de condução preexistentes no modelo, mas que não foi possível de utilizar no período de testes. No câmbio, o modo Sport torna as trocas de marcha efetuadas em giros mais elevados, o que acaba de certo modo incomodando em virtude dos ruídos na cabine, mas se torna desnecessário. Há ainda o modo Eco que, como o nome sugere, privilegia o consumo, próximo ponto.
2.Consumo
O consumo do 2008 THP foi algo que surpreendeu muito positivamente durante o período de testes com ele, se mostrando um exemplar bastante econômico, até mesmo sem o modo Eco do câmbio. De acordo com o INMETRO, o modelo tem médias de 11,2 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada, isso com gasolina.
Durante nossos testes, feitos exclusivamente com ar-condicionado ligado e com no máximo três pessoas no carro, o 2008 THP trouxe médias urbanas que variaram entre 9,5 km/l e 10,3 km/l na cidade, sendo que em circuito misto o modelo variou entre 10,8 e até 12,2 km/l, claro que tudo isso dependendo de condições climáticas, de trânsito, entre outros fatores.
Na rodovia, o modelo alcançou médias de 14,5 km/l, tendo uma média final registrada no computador de bordo de 10,1 km/l. Logo, ainda que as médias urbanas tenham sido abaixo do que o INMETRO consolida, o 2008 traz números bastante interessantes levando em consideração o desempenho que entrega.
3.Posição de dirigir
Esse era um ponto que nos dois primeiros dias com o Peugeot 2008 THP tive um pouco de amor e de ódio. Isso, pois esse que vos fala dirige com acelerador e freio manuais, e o modelo possui o conceito i-Cockpit, onde o painel de instrumentos é posicionado em uma porção mais elevada e o volante fica inferiorizado.
Ademais, o volante regula em profundidade e altura, mas essa regulagem não é tão considerável, então foi um pouco difícil achar uma posição interessante, pois de início, o aro do volante atrapalhava minha visão do painel.
Porém, com o passar dos dias eu achei a posição de guiar ideal para a minha realidade e fiquei extremamente grato, pois o volante pequeno proporciona bastante segurança e agilidade nas manobras e, por não ser tão elevado, o carro fica bem “na mão”. Fazer curvas com o modelo não é tarefa difícil, assim como estacionar, entre outras situações, considerando também a leveza (até extrema) da boa direção elétrica.
Cito que esse é um ponto de vista bastante relativo, haja visto que possuo 1,76 metros, podendo não agradar pessoas com outras estaturas. Porém, como trata-se de uma avaliação, externo ele ao público leitor.
4.Custo x benefício para o público PcD
O Peugeot 2008 Griffe THP em setembro de 2023 possui preço público geral de R$ 134.990, tendo isenção de IPI e bonificação de fábrica que fazem com que ele custe para o público PcD o preço de R$ 112.990. Não quero dizer que é barato ou caro, não cabe a nós do M.D.A fazermos esse juízo de valor.
Contudo, se a gente for considerar que é um preço abaixo de muitos concorrentes até mesmo em versões de entrada quando falamos de preço público, além de ser um dos carros mais baratos para o público PcD. Somando o preço com os fatores desempenho e consumo, chegamos a uma conclusão: nenhum modelo de nenhum segmento nessa faixa de preço na modalidade de vendas para pessoa com deficiência tem uma andada tão forte quanto a do 2008.
Vai depender do que você almeja num veículo, mas se o seu objetivo é ter um grande desempenho atrelado a um bom consumo e uma agradável experiência de dirigir, o 2008 Griffe THP é sim uma opção para botar na garagem.
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Ponto de atenção do Peugeot 2008 Griffe 1.6 THP
1.Idade do projeto
Antes de discorrer sobre o ponto, convém salientar que o Peugeot 2008 de nova geração já existe no Brasil, mas apenas na variante elétrica. Já as versões a combustão ainda rodam em teste e devem ser lançadas em 2024, aproveitando o conjunto mecânico do Fiat Pulse – motor 1.0 turbo e câmbio CVT.
Bom, como pudemos ver acima, o Peugeot 2008 Griffe tem sim suas benesses, qualidades e pode sim agradar o consumidor, afinal, se ele ainda continua em linha é por existir interesse de algum público. Porém, como todo produto, possui seus pontos negativos e aqui vamos falar da idade do projeto.
Lançado por aqui em 2015, o 2008 segue desde então na mesma geração, apenas com ganhos estéticos, uma versão especial aqui, outra acolá. Vale citar que a motorização THP chegou apenas com transmissão manual, sendo que as versões aspiradas tinham opção de transmissão automática de somente quatro marchas.
No caso das versões aspiradas, o câmbio de seis marchas veio apenas em 2017, enquanto o 2008 THP automático tardou mais ainda, somente em 2019. Naquele ano, a concorrência já estava bastante pesada e ganhava reforços, como do Volkswagen T-Cross que, anos mais tarde, despontou como um líder de segmento.
Porém, o 2008 seguia e segue um tanto quanto obsoleto, não dispondo na ocasião e até hoje de itens considerados essenciais no segmento e na faixa de preço, como faróis em LED, chave presencial com partida por botão, assistentes à condução, assim como uma central multimídia maior e mais completa. Mas, vamos “dar a César o que é de César”: o 2008 entrega sensor crepuscular e de chuva, assim como seis airbags, seletor de modos de condução e ar-condicionado digital de duas zonas.
Só que o 2008 não mostra cansaço somente na lista de equipamentos, mas também ao rodar, pois mesmo sendo um carro bastante esperto, não possui um isolamento acústico compatível com a categoria, transmitindo consideravelmente os ruídos externos para a cabine. Além do mais, embora seja um tanto quanto confortável, a carroceria em curvas se mostra instável, assim como em velocidades maiores.
Além disso, sua plataforma já possui limitações, sendo o 2008 um modelo consideravelmente acanhado quando o assunto é espaço interno e porta-malas, este tendo 355 litros de capacidade somente.
Fecho esse ponto destacando que, mesmo sendo um modelo antiquado em algumas questões, ele manda bem em outras sim, como falado anteriormente. Aliás, ele tem preço público sugerido de R$ 134.990, rivalizando com versões de entrada e intermediária de concorrentes de peso, mas que podem ser tão completos quanto o modelo da marca francesa.
Afinal, não dá para ter tudo com um preço de aquisição mais comedido que a concorrência.