[5 Pontos] Fiat Strada Ranch Turbo 200 CVT

Picape compacta da marca italiana passa pelo crivo do M.D.A e ganha nossas considerações, veja tudo sobre o automóvel mais vendido do Brasil.

Fiat Strada Ranch T200

O Mundo do Automóvel para PcD avaliou por uma semana um veículo que, de fato, não é comercializado com isenções de impostos para pessoa com deficiência, mas ao mesmo tempo pode ser uma grande opção. Falamos da Fiat Strada Ranch, picape compacta da marca italiana equipada com motor 1.0 Turbo 200 e câmbio CVT.

E, como já virou “tradição” por aqui, a Strada também passa pelo quadro “5 Pontos”, tal qual ocorreu com Peugeot 2008 e Fiat Fastback, onde pontuamos cinco pontos que mais agradaram durante a avaliação e cinco pontos que não foram tão destaque no modelo e que poderiam ser melhores.

De certo modo servirá também como um review da Strada, já que diversas situações serão postas por aqui. Vamos começar pelos pontos que agradaram e posteriormente os demais:

POSITIVOS

Versatilidade

Aqui é um dos pontos onde a Fiat Strada com cabine dupla mais convence, pois a proposta da marca italiana era justamente essa, ofertar uma picape compacta que pudesse ao mesmo tempo carregar coisas e passageiros. E isso é algo que a Fiat promove desde 2009, já que desde então existe a Strada Cabine Dupla, mas em 2020 com a nova e atual geração essa vanguarda se fez presente novamente sendo a primeira do segmento com quatro portas.

Além disso, o modelo se mostra bastante versátil no quesito condução, principalmente em virtude dos pneus ATR que equipam a versão Ranch, testada pelo M.D.A, fazendo com que o modelo percorra com competência diversos terrenos. Logicamente que devemos guardar as proporções devidas, pois é um veículo de tração dianteira.

Posição de dirigir que remete a um SUV

Um ponto que surpreendeu bastante na Fiat Strada é sua posição de dirigir, o que para alguns é relativo, pois vai do gosto do condutor. Porém, chama a atenção em como a marca italiana fez na picape, derivada de um hatch como o Mobi, uma posição de dirigir que faça com que se assemelhe a um Pulse ou Fastback.

Fato, a Fiat sempre teve uma posição mais elevada em relação aos concorrentes nos vários segmentos de atuação, mas aqui isso também é contribuído pelo capô elevado e até mesmo pela suspensão que é ligeiramente mais alta que uma Strada Volcano, por exemplo.

Capacidade da caçamba

Aqui falamos de um ponto que é imprescindível para muitos usuários de picape, já que boa parte adquire com a intenção de encher a caçamba para o trabalho e outras finalidades afins. E, embora estejamos falando de uma versão topo de linha, com a Strada Ranch Turbo não é diferente, já que um pequeno comerciante, por exemplo, ao invés de ter dois carros, pode aliar nela o veículo de trabalho com o de passeio.

São 844 litros na caçamba, sendo consideravelmente maior que sedans e SUVs na mesma faixa de preço, o que também se aplica no quesito anterior da versatilidade. A Strada com cabine dupla se mostra bastante competente para aquele usuário mais adepto do lazer sem renunciar ao seu caráter “originário” de trabalho.

Robustez

Desde que foi lançada, em 1998, a Strada é um grande sinônimo de robustez, preservando isso até os dias atuais. Ter o diferencial do feixe de molas na traseira pode até soar estranho e arcaico, mas não chega a comprometer o conforto da cabine de forma contundente como uma picape média sob chassi com o mesmo tipo de suspensão.

E aí está o trunfo da Fiat Strada, pois ela consegue carregar 650 kg nessa versão sem maiores problemas e com a resistência que um veículo de trabalho exige. Na versão Endurance com cabine simples, por exemplo, são 720 kg.

Desempenho aliado ao consumo

Mais um produto recebe o propulsor Turbo 200 da Stellantis aliado ao câmbio automático CVT de sete marchas simuladas e o resultado não poderia ser outro a não ser: sucesso.

O comportamento da picapinha é invejável a muitos 1.0 turbo por ai e, possuindo 1.253 kg, sendo mais pesada até mesmo que hatches e sedans compactos de motorização similar, a Strada foi muito competente em todos os 400 km percorridos em nossa avaliação.

Na cidade, comportamento ágil e tranquilo, respondendo muito bem ao simples toque no acelerador. Na estrada, idem, sobretudo quando acionado o modo Sport que torna o pedal mais sensível e eleva a rotação para as trocas de marcha simuladas.

Como consequência, excelentes médias de consumo aferidas, todas com gasolina e ar-condicionado ligado, sendo com uma ou duas pessoas no carro somente. Na cidade, variando entre 11 e 11,5 km/l, com algumas situações fazendo em torno de 10,7 km/l, mas ainda assim bastante satisfatório para o modelo da Fiat.

Na estrada, o ponto alto foi a marca de 16,7 km/l em dada circunstância e percurso de nossa avaliação, mas é um carro que facilmente chega aos 14 km/l e fica nessa faixa, superando os 13,2 km/l da medição do INMETRO. No modo Sport as médias podem até dar uma reduzida, mas não chega a ser algo meramente significante.

PONTOS NEGATIVOS

Relembrando mais uma vez que não estamos falando de coisas que desabonam o produto e sim observações que foram vistas durante a avaliação.

Ergonomia

Como nem tudo são flores, a Strada fica devendo no quesito ergonomia para o condutor, muito em virtude de ter o painel muito similar ao do subcompacto Mobi ao invés do painel do Argo ou Pulse. Comandos de ar ficam numa posição consideravelmente baixa, embora sejam de fácil utilização, assim como o volante que regula somente em altura e não em profundidade.

Em virtude do habitáculo um tanto quanto pequeno, a depender do condutor do veículo, provavelmente dificuldades serão percebidas para encontrar a posição de dirigir ideal. Outro fator que contribui para uma ergonomia não muito interessante é a ausência de piloto automático, um item bastante esperado e que ficou de fora da linha 2024 da Strada.

Por sua vez, o apoio de braço para o motorista é fino e curto, escapando algumas vezes o cotovelo.

Isolamento acústico

Que ela anda muito bem, já ficou claro. Porém, também é claro ao andar na Strada Turbo em velocidades mais elevadas que a ausência de um melhor isolamento acústico contribui com relativo desconforto dos ocupantes, já que a capota marítima faz um barulho considerável que se soma com o do motor em rotações maiores, pois a manta acústica não se faz presente na picape compacta da Fiat.

No mais, sem ponderações, valendo destacar também que os pneus ATR que a equipam também são contribuintes de um maior índice de ruídos a bordo.

Central multimídia pequena

Esse era um ponto onde também se esperava mudanças na linha 2024. Era especulado que ela ganhasse tela de 8,4 polegadas, a exemplo do Pulse e do Fastback, mas não ocorreu. É claro que o equipamento em si é muito competente, desfrutando de Android Auto e Apple CarPlay sem uso de cabo, mas a tela de 7 polegadas se mostra pequena para os padrões atuais e fica pouca coisa maior que celulares topo, como Galaxy S23 Ultra e iPhone 15 Pro Max.

Como bônus fica a câmera de ré, possuindo qualidade similar a de Argo e Cronos, produtos mais antigos da marca que não possuem uma multimídia de mesmo nível. Pelo preço do modelo, poderia ter a mesma qualidade vista em Pulse, Fastback e Toro.

Espaço interno

Ponto de crítica da Strada Cabine Dupla desde 2013, quando chegou ao mercado, o espaço interno é um fator que é decisivo na compra de alguns usuários e que a depender da forma de utilização pode fazer com que ele desista da picape da marca italiana.

Esse que vos escreve tem 1,75 metros de altura, o que é considerado razoável para um homem e minha experiência no banco traseiro da Strada não foi de todo mal. Porém, com uma pessoa de estatura similar conduzindo-a.

Com uma pessoa de 1,80 metros dirigindo, a sensação de claustrofobia não chega a vir, mas há uma limitação para a movimentação das pernas e os joelhos ficam prestes a encostar no banco. Andando com três pessoas atrás a situação já fica mais delicada, sendo o ideal mesmo andar com dois ocupantes adultos na traseira e, caso tenha um terceiro, de preferência criança.

Estribo lateral

Tanto Strada Ranch quanto a Ultra são equipadas com um estribo lateral Mopar, ausente nas demais versões da picape. Bonito ou feio é uma questão de gosto pessoal, mas basta utilizar o modelo que fica claro o quanto ele atrapalha na funcionalidade.

Isso, pois mesmo sendo relativamente alta em relação ao solo, a Strada não tem tamanho suficiente para que um estribo lateral seja de fato necessário para acessar o veículo, sendo um empecilho para pessoas com mobilidade reduzida, dificultando algumas situações de entrada e saída. Um cadeirante, como eu, não tem como colocar a cadeira mais próxima do veículo e a depender da pessoa pode proporcionar quedas por conta da maior distância.

Fica a ideia para a Fiat quem sabe colocar o estribo como acessório ou opcional, já que para algumas demandas esse item acaba mais dificultando do que contribuindo.

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