O Mundo do Automóvel para PcD avaliou durante dez dias uma unidade do SUV cupê da marca italiana Fiat, o Fastback, na versão topo de linha Limited Edition Powered by Abarth que, apesar do nome, não possui caráter limitado e não é literalmente uma versão esportiva como o Pulse Abarth é. E, além da tradicional avaliação, o modelo passa pelo novo quadro que é o 5 Pontos.
Aqui, inspirado em alguns outros colegas jornalistas que trazem a mesma proposta, o intuito é, de acordo com a nossa avaliação, destacar cinco pontos que agradaram bastante no modelo avaliado e outros cinco pontos que não necessariamente são negativos ou que depreciam o produto, mas que merecem um pouco de atenção.
Vamos começar pelos pontos que agradaram e posteriormente os demais:
Com os preços atuais, esse ponto é um tanto quanto polêmico, mas a Fiat conseguiu precificar bem o Fastback. Inicialmente, as versões tinham intervalo de R$ 10 mil entre cada uma, mas com o reajuste aplicado esse intervalo foi alterado e entre a versão intermediária Impetus T200 e a Limited Edition é de R$ 12.500.
Fato, entre elas a mudança maior está no conjunto mecânico e nos detalhes estéticos, mas a depender do seu perfil e forma de uso, compensa sim ir na versão com motorização mais forte, já que confere um desempenho basicamente acima da média dos seus concorrentes na faixa de preço, além de ter dono do maior porta-malas do segmento, lembrando que ele custa a partir de R$ 154.990.
O interior do Fiat Fastback é basicamente o do irmão menor Pulse, mas a Fiat adotou aqui algumas soluções que o tornam exclusivo e melhoram sua ergonomia. A começar pelo console central elevado que soluciona um problema que vemos em Argo e Cronos, modelos que derivam Pulse e Fastback, respectivamente, que é a falta de porta-objetos.
Aqui no Fastback, temos porta-objetos logo abaixo do apoio de braço e que é relativamente fundo, além de ter um porta-copos à frente com uma peça removível que permite a colocação de outras coisas. Porém, aqui mesmo sendo um ponto positivo fica um adendo, o SUV fica devendo coisas “simples”, como porta-óculos e apoio de braço traseiro com porta-copos, vide a proposta familiar.
Ademais, os comandos de som e ar-condicionado, são um pouco mais voltados ao motorista no Fastback, facilitando o manuseio de todas as funções ali existentes. A posição de dirigir também é privilegiada no modelo da marca italiana, pois o motorista consegue ter a sensação de dirigir um modelo ainda maior, muito em razão do capô elevado e do banco relativamente mais alto (mesmo na posição mais baixa).
Já foi dado o spoiler no primeiro ponto e aqui ele merece um destaque especial, falo do porta-malas. Se no Pulse isso é um “problema”, foi totalmente solucionado no Fastback muito em virtude do caimento cupê da traseira que proporciona simplesmente a maior capacidade do segmento.
São 600 litros na medição com líquido que é adotada pela Stellantis ou então 516 na forma “tradicional”, apenas nove litros menor que o sedan Cronos, mas que dá a impressão de ser maior. Experiência própria, pois este que vos escreve é proprietário de um e, além disso, cadeirante.
A mala do SUV compacto da marca italiana comporta perfeitamente uma cadeira de rodas do tipo monobloco até mesmo com as rodas, mas caso queira retirá-las, o espaço para demais coisas fica ainda melhor e sem inviabilizar o uso da tampa sanfonada que recomendo o uso principalmente em dias ensolarados, pois o vidro grande deixa o compartimento com alta exposição ao sol.
O Fiat Fastback Limited Edition Powered by Abarth possui de série farta lista de equipamentos, mas destaco aqui o Pack Connect///ME que equipa a unidade testada, pois ela adiciona ao modelo a conectividade com Alexa, sistema de internet Wi-Fi integrada que foi testada por 4 aparelhos simultaneamente e aprovada, além da possibilidade de comandar diversas funções do veículo por meio do celular, como agendar revisões.
O carregador por indução é o melhor de todos os Fiat e Jeep avaliados até o momento, pois em momento algum foi notado superaquecimento do celular, muito em razão da saída de ar direcionada ao compartimento herdada do Jeep Renegade.
Além disso, o modelo da marca italiana dispõe do freio de mão eletrônico com função Auto Hold que alivia bastante a tensão no trânsito, principalmente de pessoas que dirigem somente com as mãos. A frenagem automática de emergência foi bem calibrada no modelo e atua sem fazer exageros ou assustar o condutor, a exemplo de modelos anteriormente testados, como o próprio Pulse e o Jeep Renegade.
A comutação automática do farol, famoso farol alto automático, merece também destaque, pois possui a precisão certa para atuar quando necessário no auxílio à visão que é muito favorecido também pela iluminação totalmente em LED.
Deixei esse ponto por último, mas julgo ele o mais legal de todos e é o que cativou de cara no modelo. É de longe o modelo da Stellantis equipado com o propulsor 1.3 turbo que mais me agradou no quesito desempenho, olha que já andei em todos, exceto Pulse Abarth. Sem um rodar áspero, o Fastback não faz feio em nenhuma ocasião.
Adequado no uso urbano e impressionante no uso rodoviário, tendo um bom equilíbrio entre diferentes formas de condução, o SUV compacto, muito por conta da turboalimentação, dispõe de boas retomadas e de um bom fôlego em situações como saída de semáforo, quebra-molas, além de ultrapassagens.
O modo Sport, representado por um escorpião no botão vermelho do volante, altera a sensibilidade do acelerador e o torna ainda mais responsivo, mudando o tempo das trocas de marcha, alterando também o consumo, consequentemente.
Relembrando mais uma vez que não estamos falando de coisas que desabonam o produto e sim observações que foram vistas durante a avaliação.
Equipado com rodas de 18 polegadas, o modelo tem pneus na medida 215/45, mas que poderiam facilmente ser 215/50. Não, o Fiat Fastback não é um carro duro, pelo contrário, surpreende pelo conforto e por ser um modelo muito bom de fazer curvas, mas também surpreende (negativamente dessa vez) em algumas situações.
Ao passar por buracos, imperfeições no solo, valetas e até mesmo alguns quebra-molas, os ocupantes acabam sentindo de forma exacerbada os impactos do veículo que, embora filtre bem na suspensão, possui pneus finos. Acredito que na versão Audace que possui rodas 17 polegadas e pneus de perfil maior, essa situação seja contornada.
Calma, a função do sistema Start&Stop em si é muito boa e contribui não somente na redução do consumo de combustível, mas também na redução de emissões, já que desliga o motor do veículo quando está em pequenas paradas.
Porém, parece que a Stellantis não foi muito feliz na calibração do sistema para o modelo, pois diferente de outros modelos de Fiat e Jeep que contam com isso, o Fastback se desliga ainda em movimento e de forma muito abrupta. Por muitas vezes pude notar o carro se desligando a 6 ou 7 km/h ainda, seguido de uma freada que muitas vezes é mais brusca do que se deseja e até assusta quem está no veículo.
Além disso, diferente dos outros modelos das marcas citadas anteriormente que já foram testados pelo M.D.A e em relação até mesmo ao Cronos que possuo, o motor do modelo é religado em um simples movimento do volante, o que também incomodou de certa forma durante a avaliação.
Aqui vou juntar dois pontos em um só, pois ambos se referem à assistência ao condutor do veículo. Começando pelo assistente de faixa com correção ativa, o Fastback carece de um sistema mais bem calibrado, pois mesmo onde as faixas são muito bem pintadas, o modelo não é tão capaz de ficar em linha reta, ficando “dançando” entre as faixas.
Verdade seja dita, o sistema não é para ser autônomo, mas em algumas ocasiões específicas, inclusive em casos como o meu, onde uso apenas uma mão no volante, um bom assistente se faz necessário. Complementando, a correção no volante mesmo na função menos sensível possível ainda é razoavelmente brusca.
Também foi sentida a ausência do piloto automático adaptativo (ACC) ao invés do tradicional, pois complementaria a lista de assistentes do modelo e seria um facilitador da ergonomia do modelo. Falo também como uma pessoa com deficiência, pois o sistema não é mero conforto, mas sim um facilitador da condução da PcD por tornar a viagem mais produtiva. Porém, vamos “dar a César o que é de César”, pois o Jeep Renegade também não dispõe de ACC, embora eu veja que ambos poderiam ter ao menos em versões topo.
O entre-eixos do Fiat Fastback é de 2,52 metros, ou seja, o mesmo do Pulse e até mesmo de Argo e Cronos, o que proporciona espaços internos similares. Porém, até em virtude de ser um modelo familiar, o SUV cupê da marca italiana carece um pouco de espaço para utilizações com cinco ocupantes no banco traseiro.
Claro que tudo vai variar do tamanho dos ocupantes, mas nas situações as quais o modelo avaliado foi submetido, foi basicamente unânime a opinião de que o espaço traseiro poderia ser melhor. Porém, a Fiat recompensa com eficientes saídas de ar traseiras que até mesmo a picape Toro não possui, além de entradas 12V e USB.
Por último, um detalhe que se não fosse uma pequena chuva que peguei, passaria despercebido. Por conta do caimento cupê da traseira e da ampla área envidraçada, o Fastback poderia contar com um limpador do vidro traseiro para auxiliar a visibilidade nessas ocasiões, pois o escoamento da água não é tão bom assim e o vidro fica marcado quando se seca.