Por: Bruno Arthur (@mundodrive/@bruarthur)
O SUV franco-brasileiro já tem um certo tempo no nosso mercado – desde 2015 para ser mais exato. Ele já tem nova geração lá na Europa, que além de ser ainda mais bonita, é mais moderna e montada na plataforma CMP (a mesma do novo 208).
Mas o tempo perdido em não trazer a nova geração é deixado para trás quando se está na versão mais completa. Testei o Peugeot 2008 Griffe THP e te digo: “ô Fiat, para que você foi criar o motor 1.3 Turbo? Era só pedir esse aqui emprestado”.
Sim, ele não tem chave presencial, faróis em LED ou quaisquer recurso de auxílio a condução. Mas já sabe o preço dessa versão? Meros R$ 124.990. Enquanto a concorrência dos compactos começa nessa faixa – como Jeep Renegade e Hyundai Creta, o francês já sai da loja com teto panorâmico, lanternas em LED e motor 1.6 turbo de 173cv (é exatamente aqui que a parte do “dinheiro” é deixado pra trás).
A linha 2023 do 2008 teve pequenos retoques na carroceria e no leque de versões. A primeira novidade é o “Cinza Artense”, essa cor das fotos que escolhi justamente essa unidade para figurar a primeira mudança no carro. As outras são: tampa traseira black-out com lettering PEUGEOT e adeus o leão, além do inédito teto pintado em preto (em todas as versões) e os retrovisores em preto com detalhes cromados.
A gama de versões tem apenas câmbio automático. Começa nos R$ 99.990 com o Allure e o Style vem do 208 e chega aqui com motor 1.6 aspirado e turbo, além do nosso Griffe. O 1.6 aspirado rende 120cv custa R$ 106.990 no Style, enquanto o THP sobe para R$ 119.990.
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Por dentro a única mudança fica no tom da faixa central no painel. Ele continua com o bom e elogiado i-Cockpit – conceito do volante pequeno e painel de instrumentos elevado. A central multimídia é boa, mas sem muita novidade, pois continua espelhando via cabo e tem orgulho em mostrar isso, já que manteve a entrada USB na tela, deixando o fio pendurado no painel do carro (ele até ganhou outra entrada no console, mas só serve para carregar a bateria).
O ar dessa versão é dual zone, mas durante o teste percebi que mesmo andando em uma calota polar ele deve ficar com o modo automático fast (ao invés do calmo modo soft) e temperatura abaixo dos 22°C, já que depois disso parece sair bem mais quente que o normal. Ah, essa versão Griffe é a única com o teto panorâmico com cortina elétrica e bancos totalmente em couro.
O espaço é bom em todos os sentidos. Com entre-eixos de 2.54 metros ele deixa todos com muito conforto, inclusive o combustível e as malas, já que temos 55 litros de tanque e 355 litros de porta-malas. É confortável para todos, menos para o braço direito do motorista e esquerdo do passageiro, porque apesar de um porta objetos com portinhola, ele não tem encosto de braço.
Mercado, mudanças, itens e espaço. Tudo isso é levado nas costas do 1,6 litro turbinado. Primeiro que são 8,1 segundos de 0-100 em um SUV de 1.200kg e com uma usina datada de 2006 e provinda de parceria com a alemã BMW. Ele já foi usado desde um 208 e vai até os DS e sedans e SUVS de luxo franceses. Ele não é bom, ele é simplesmente melhor e mais elástico do que o minúsculo e potente 1.3 turbo da FCA ou a famosa família EA211 da Volkswagen. Consegue conversar com a transmissão AT6 da Aisin como se tomasse um capuccino com chantilly no fim de tarde no gramado da torre Eiffel, enquanto no mínimo toque do acelerador ele faz acordar os 24,5kgfm a apenas 1.400rpm – e em qualquer modo, seja Eco, normal ou o Sport.
Cavalo que anda é cavalo que bebe até certo ponto. Por ser tão instantâneo e elástico, o 2008 THP consegue ser mais econômico do que o pequeno e recém-lançado Citroën C3 com motor aspirado. Segundo o Inmetro ele faz até 12km/l com gasolina na cidade. Assumo que é difícil andar no ritmo de uma pintura francesa como “A liberdade guiando um povo” de Eugène Delacroix e o consumo máximo obtido no trecho urbano foi de 11km/l.
Lembrando que o 2008 tem suspensão nem um pouco recatada. Com McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira ele é perfeito para o fora de estrada e quase perfeito na cidade. Por ser firme demais, em qualquer irregularidade em pista plana ele vai balançar um pouco a carroceria, mas na curva do S em Interlagos ele vai entregar um desempenho tão bom quanto um esportivo.
Lembrando que que para qualquer ambiente que seja posto à prova, a missão é não perder a guerra como Napoleão Bonaparte. Todo SUV mais aventureiro da PSA (Peugeot-Citroën) tem o sistema patenteado Grip Control. Uma rodana controla tração, transmissão e forma do ABS trabalhar, deixando o desempenho aprimorado em ambiente com areia, neve, barro ou pista!
O Peugeot 2008 frente a concorrência de 100 a 130 mil reais é como uma ópera no Moulin Rouge. Bonito, espaçoso, anda muito bem e enfrenta qualquer coisa, mas sofre o preconceito de ter uma geração com quase 10 anos e não ter equipamentos de tecnologia, apesar de ter segurança passiva acima da média com 6 Airbags.
O grupo de concessionárias Peugeot no Brasil cresceu, entretanto ainda é retraído frente algumas marcas como a Fiat. Com pós-venda surpreendentemente melhor que a média, com direito a 8 anos de assistência 24h, carro reserva a partir de 4 dias com carro parado e honra ao orçamento, ele consegue se superar no quadro de vendas, alcançando quase o top 10 entre os SUVs mais vendidos em 2021.