O ano de 2024 é de longe o ano em que o Mundo do Automóvel para PCD mais realizou avaliações de veículos, totalizando nove com o modelo da presente matéria. E, com isso, diversas experiências puderam ter sido vivenciadas, trazendo tudo de forma clara e voltada a nós que somos pessoas com deficiência.
Agora, chegou a vez do Fiat Fastback Abarth, um dos carros de apelo esportivo mais baratos do mercado brasileiro, sendo também disponível para o segmento PcD com isenções. Ou seja, além de ser um veículo que traz uma “pimenta” de forma relativamente acessível, ele também democratiza a esportividade.
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Vale destacar que não é a primeira vez que um Fastback passa por aqui, sendo uma unidade da versão Limited Edition avaliada em 2022. Veja os principais pontos do modelo da marca italiana:
Lançado em 2022, o Fastback deriva de outro SUV compacto da marca italiana, o Pulse, lançado no ano anterior. Diferente do irmão menor, ele foi lançado no mercado brasileiro na versão mais completa com o motor T270, o 1.3 turboflex que também equipa modelos da Jeep e a picape Fiat Toro. Inclusive, avaliamos essa versão há dois anos e particularmente tinha curiosidade de traçar um paralelo entre um “quase Abarth” e um legítimo Abarth.
De início o visual já traz peculiaridades bem interessantes, valendo destacar que basicamente toda alusão ao nome Fiat foi trocada pelos emblemas da Abarth, exceto nos espelhos retrovisores e no Fiat Flag – a logo estilizada com as cores da bandeira da Itália. No mais, nada faz menção!
As rodas, assim como na versão “civil” com o mesmo motor são de 18 polegadas, mas na cor preta e detalhes vermelhos, sem deixar de destacar as molduras laterais que são na cor da carroceria, exclusividade do Fastback Abarth que o distingue ainda mais das demais opções. Sua traseira tem um discreto aerofólio na tampa traseira em black piano, mas o principal está no para-choque com uma espécie de extrator traseiro com o escape duplo funcional, uma saída de cada lado.
E as diferenças não param por ai, chegando também ao interior. Os bancos em couro possuem costuras vermelhas e o “escorpião” representativo da Abarth estampado em relevo, sem deixar de falar do volante que é distinto das demais versões e é o mesmo de Argo e Cronos até 2021. Inclusive, fica aqui uma crítica, pois ao meu ver era merecido um mais exclusivo.
No acabamento não há nada de surpreendente, sendo a maioria dele composta de plástico duro de bom aspecto, mas a marca trouxe uma faixa costurada em couro com textura que simula fibra de carbono e levemente macia. É uma estratégia de agregar um relativo requinte e também beleza.
Sobre a parte de equipamentos, o Fastback Abarth vem bem servido, tendo o essencial para hoje em dia, além de alguns assistentes à condução, como frenagem automática de emergência, assistente de permanência em faixa e farol alto automático. Sem falar no conjunto óptico externo que é inteiramente em LED, além de uma competente central multimídia de 10,1” com GPS nativo e Android Auto/Apple CarPlay sem uso de fio, e carregador por indução com resfriamento do celular.
Até merecia um alerta de ponto cego, vide o fato de custar quase R$ 170 mil, sem falar no piloto automático adaptativo (ACC), mas principalmente esse último demandaria um ajuste no modelo. E esse ajuste deveria ser feito no assistente de faixa do veículo, consideravelmente impreciso e indeciso, fazendo com que em certas situações acabe mais atrapalhando a segurança do que ajudando. Logico que exigir um centralizador, como nos Jeep, é pedir demais, mas merecia mais atenção.
Mas vamos a uma das coisas que interessa para um veículo de aptidão esportiva: o motor. Como já citado antes, trata-se do 1.3 turboflex da Stellantis que já é aplicado em diversos veículos, responsável por levar o Fastback Abarth de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos – e leva mesmo! Em nossos testes foi possível medir tempos entre 7,3 e 7,5 segundos.
Com 185 cavalos de potência no etanol e 180 na gasolina, além de 27,5 kgfm de torque em ambos os combustíveis, o modelo tem relação peso x potência de 7,02 kg/cv, ficando abaixo da casa dos 8, excelente para a proposta e menor até mesmo que a de modelos como o VW Polo GTS. O câmbio é automático de seis marchas com conversor de torque e que conversa bem com o propulsor, proporcionando suavidade nas trocas de marcha.
E, falando em trocas de marcha, não posso jamais deixar de falar do modo Poison, responsável por “apimentar” ainda mais a condução do modelo, elevando a rotação das trocas e aumentando a sensibilidade do pedal do acelerador para conferir (ainda mais) desempenho ao modelo da marca italiana.
No geral, o modelo agrada muito e anda basicamente igual a um Fastback Limited Edition, mas existe um grande diferencial que pode ser um dos fatores determinantes para a escolha (ou não) do modelo: o ronco. Assim como a RAM Rampage R/T, o SUV cupê tem um ronco bastante proeminente através de um escape diferenciado para ele, tendo também os “pipocos” ou Pops and Bangs para os mais detalhistas.
Não sei se por algum acerto da unidade em específico, esse último diferencial não era tão presente. Mas fica aqui um questionamento: se o Pulse Abarth também tem um escape diferenciado, por qual razão a comparação não foi feita com ele? Simples, a Fiat conseguiu aprimorar ainda mais no cupê, tornando a experiência de condução mais prazerosa e instigante para alguns (e ruidosa também).
Particularmente não achei algo incômodo, mas a depender do consumidor e do trajeto, o barulho proveniente do escapamento pode incomodar um pouco a cabine, mas nada que seja exacerbado.
E sabe aquele ditado “cavalo que anda, bebe”? No Fastback Abarth ele não é necessariamente aplicado sempre, pois aqui consegui notar um certo equilíbrio entre desempenho e consumo. Sempre na gasolina, as médias variaram entre 9,5 e 10 km/l na cidade, enquanto na rodovia era fácil chegar a 14 km/l ou até mais.
Logicamente, se demandar mais do modelo ele vai beber, por exemplo na rodovia em situações de velocidades consideravelmente altas, não tende a passar dos 11 km/l. Em um trânsito mais pesado também não deve passar dos 9 km/l. Claro, consumo é algo estritamente relativo, mas foi um grande destaque do Abarth.
Com relação à dirigibilidade, o Fastback Abarth é bem interessante de se guiar, com bancos bastante confortáveis e um acerto de suspensão que, embora levemente rígido, normal para um esportivo, traz suavidade e relativo conforto para os ocupantes. Embora tenha pneus de perfil baixo (215/45), as imperfeições do solo são bem filtradas pela suspensão, algo deveras característico da Fiat. Consumo dizer que ninguém como ela faz suspensão tão bem acertada para o nosso país e aqui não é diferente.
A posição não é tão baixa, afinal, aqui é um SUV, mas ainda assim o Fastback Abarth consegue proporcionar uma condução “na mão” para o motorista. A direção com assistência elétrica é ideal para o cotidiano, precisa e leve, mas poderia ter um pouco mais de rigidez em altas velocidades, priorizando a esportividade.
O preço praticado pelo Fastback Abarth é de R$ 167.990 para o público geral, o que não é barato, sendo facilmente possível encontrar descontos em unidades a pronta-entrega. Em contrapartida, temos aqui um dos veículos mais democráticos do país quando o assunto é apelo esportivo, já que temos apenas ele, o Pulse Abarth e o VW Polo GTS, eles ainda na casa dos R$ 150 mil.
Fora isso, quem demandar por um veículo de proposta similar zero km será obrigado a gastar acima de R$ 200 mil. Sem falar na proposta familiar do Fastback, dispondo de ótimos 516 litros de porta-malas e de entre-eixos de 2,53 metros, nada estonteante, mas suficiente para uma família.
Além disso, ele é vendido para PcD com isenção de IPI e bônus por R$ 155.139, o que deixa ele mais caro que modelos como Toyota Corolla XEi, um sedan médio, mais caro também que um Jeep Compass Sport, um SUV médio. Ou seja, o Fastback Abarth definitivamente é uma excelente compra, desde que você esteja realmente interessado por tudo o que ele traz de diferencial.